“Recomeça… se puderes, sem angústia e sem pressa e os passos que deres, nesse caminho duro do futuro, dá-os em liberdade, enquanto não alcances não descanses, de nenhum fruto queiras só metade.”
Miguel Torga

domingo, 18 de fevereiro de 2007

Moments...


Moments..., originally uploaded by @rmando.

Quando uma
porta bate por uma razão
inexplicável;
quando as vozes se calam, na rua, e
ninguém está do lado de
fora;
quando te apercebes que as coisas
são mais complicadas do que
imaginas:
é possível que te inquietes, ou
que perguntes o que é a razão, ou até se
o mundo é, de facto, uma realidade
lógica. São angústias
desnecessárias: há zonas de sombra
em que não vale a pena entrar ou, se o acaso
te conduziu a elas, de onde convém sair
o mais depressa possível. O mistério
é uma terra de ninguém: e se alguém insiste
em habitá-lo, depressa se perde
dos outros. Vê-lo-emos ainda,
sonâmbulo, como se já não fosse
deste mundo; depois, mesmo que insista
entre nós, é como se fosse
transparente. Então, porque te interrogas
ainda? Vai até à porta mal fechada,
dá a volta ao trinco e empurra-a para dentro;
não te preocupes com quem fala, na rua; e
não ligues ao que é complicado:
o caminho mais simples é o que
não passa por fronteira
alguma; o que não obriga a que se olhe
para o outro lado da linha; o
que tem um princípioe um fim,
mesmo que isso também seja
complicado.

Obrigado Lenita por estas palavras de alguns anos, que ainda recordo e sempre que o efémero me parece eterno descanso os olhos sobre este poema

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