“Recomeça… se puderes, sem angústia e sem pressa e os passos que deres, nesse caminho duro do futuro, dá-os em liberdade, enquanto não alcances não descanses, de nenhum fruto queiras só metade.”
Miguel Torga

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Mariza ao vivo na Torre de Belém

Esta música ainda não a tinha ouvido, mas continua a arrepiar só de ouvir esta garganta afinada de Mariza.

Este vídeon foi gravado no concerto de 09 de Maio de 2008 na Torre de Belém.
Este ano não pude estar presente e pelos vistos perdi muito, mas o dom da ubiquidade ainda não se pode ter...

Espero que apreciem tanto como eu!!!

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Sexto andar

Porque hoje é sexta....
Bom fim de semana

Uma canção passou no rádio
e quando o seu sentido se parecia apagar,
nos ponteiros do relógio,
encontrou num sexto andar
alguém que julgou
que era para si, em particular,
que a canção estava a falar.

E quando a canção morreu na frágil onda do ar,
ninguém soube
que ela deu o que ninguém estava lá para dar.

Um sopro, um calafrio
raio de sol no refrão.

Um nexo enchendo o vazio.
Tudo isso veio numa simples canção.

Uma canção que passou no rádio
habitou um sexto andar.

Clã A ouvir aqui

terça-feira, 20 de maio de 2008

Sei que não vou por aí...


Sei que não vou por aí..., originally uploaded by @rmando.

Cântico Negro

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou.

- Sei que não vou por aí!


José Régio

quarta-feira, 7 de maio de 2008

let the sunshine in


let the sunshine in, originally uploaded by Madddy.

Fotografia de uma amiga do Flickr.

sábado, 3 de maio de 2008

O fim do primeiro ano

Faz hoje um ano sobre o desaparecimento de Maddie.
Maddie, uma menina de apenas 4 anos de idade desapareceu subitamente de um aldeamento turístico na Aldeia da Luz - Algarve, numa amena noite quase de Verão.
O que se passou ao certo ninguém sabe, mas muita tinta já correu nos jornais, muitas horas de gravações nas televisões e na Internet as páginas que falam sobre este desaparecimento abundam.

Também por aqui não poderia ficar indiferente a tal acontecimento.

A crer pelas notícias que saem todos os dias nos media, uma vez que o processo ainda se encontra em Segredo de Justiça, algo está a ser mal explicado.
Acredito, à semelhança do Inspector da PJ que teve a investigação a cargo (e que foi afastado), que a Maddie possa estar morta desde o primeiro dia.

Os pais da pequena Maddie dizem que a cultura do país deles é difente da nossa. Concordo plenamente. Só não concordo com o facto de alguém estar de férias num país estrangeiro e abandonar os filhos num apartamanento para estar na "galhofa" com os seus amigos num restaurante. Este acto é cultural na Inglaterra??? Penso que não!!! Inclusive a Segurança Social Inglesa actua nestas situações, indo ao ponto de retirar os filhos a pais que pratiquem este tipo de abandono.

No desenrolar do processo a influência política foi enorme. Mera coincidência apenas pelo facto do pai de Maddie ter estudado com Gordon Brown? Não só, mas também.

O facto dos pais insistirem sempre na tese de rapto leva-me a suspeitar de que algo mais grave aconteceu naquela noite de 3 de Maio de 2007. Como se justifica que haja vestígios biológicos de Maddie num carro alugado quase quinze dias depois desta ter desaparecido? Como se justifica a repentina saída de Portugal para Inglaterra após os pais de Maddie terem sido constituídos arguidos? Como se justifica que não queiram voltar a Portugal enquanto mantiverem a mesma condição de sujeitos processuais? Ou seja, enquanto forem arguidos.

São estas contadições que nos levam a pensar seriamente que a Maddie possa ter sido, ainda que involuntariamente, morta pelos próprios pais.

Quem não deve não teme. A presunção de inocência em Portugal também se aplica e não nos podemos esquecer que estamos perante uma Polícia de Investigação que dá cartas a nivel mundial às suas congeneres.

Podemos não querer acreditar que este processo tenha um final feliz, mas casos há (veja-se os recentes acontecimentos na Áustria - após 18 e 24 anos de cativeiro, respectivamente)em que a verdade acaba por vencer a mentira.

Aguarda-nos ainda muita tinta que vai correr pelos jornais e televisões.

Até um dia Maddie!!!