“Recomeça… se puderes, sem angústia e sem pressa e os passos que deres, nesse caminho duro do futuro, dá-os em liberdade, enquanto não alcances não descanses, de nenhum fruto queiras só metade.”
Miguel Torga

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Zeca Afonso.

Volvidos 20 anos (faz hoje, precisamente) sobre a morte de Zeca Afonso, as suas músicas aínda se mantêm actuais e sempre vivas na nossa memória.

Eis aqui a Canção de Embalar, uma das mais bonitas de sempre, se bem que para mim todas elas são fantásticas e as suas letras em plena oposição à ditadura Salazarista.

Viva à Liberdade, pois o Zeca sempre lutou por ela. Fica a música de intervenção como grande obra deste Homem que sempre lutou pela Liberdade.

"Nunca mais te hás-de calar óh Zeca para nós".

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Jardim sucede a Jardim

Na passada segunda feira foi publicado em DR o diploma relativo às finanças das regiões autónomas.
Já a noite tinha caído e na TV Alberto João Jardim apresentava a sua demissão e, num ápice, a sua candidatura.
Ora eis algumas considerações sobre este político que está no poder já lá vão quase 30 anos:
1.º - Quando o PSD era governo e Manuela Ferreira Leite Ministra das Finanças, tinham ameaçado a Madeira sobre a dívida que esta tinha. Resultado, o Sr. J. deslocou-se à fonte e conseguiu levar o jarro cheio de água, que é como quem diz, conseguiu levar a bom porto as suas intenções;
2.º - Estando a meio do mandato e renunciando ao mesmo, candidatando-se de seguida, apenas se vê neste gesto um prolongamento do mandato. Talvez daqui a ano e meio o Sr. J. já não tivesse tanto apoio dos madeirenses.
3.º - Se as regras foram alteradas a meio da construção da casa, haverá mais bancos para solicitar o dinheirinho que falta para a construiu, isto é, o Sr. J. deve apostar no investimento estrangeiro.

Pergunto o que irá aquele político fazer, se ganhar as eleições (como parece que vai acontecer)? Com uma maioria reforçada na Assembleia Legislativa Regional conseguirá mais dinheiro para a Madeira? Julgo que não!! Conseguirá pedir a independência de Portugal Continental, atacando de surpresa Lisboa? Não tem forças armadas, nem armas para isso!!

Resta só uma solução: o Sr. J. renunciou e candidata-se para levar a cabo mais um plebiscito.
Se todos os portugueses fazem esforços para sairmos da crise e termos um orçamento mais equilibrado, por que razão os Madeirenses hão-de ficar de fora? Certo é que os dinheiros públicos também lá chegam ( e se chegam!!) e formamos um único Estado Democrático.

Será que o Sr. J. vive na República das Bananas??

domingo, 18 de fevereiro de 2007

Interior

Hoje estou numa de poesia.
Eis um belo poema de um grande poeta português, chama-se "INTERIOR " e vai dedicado a uma pessoa que me ofereceu um livro com 365 poemas. Tu sabes que falo de ti. Bjs.


"É bom ouvir de noite uma trompa de caça
Despir muito depressa a túnica da Lua
E descobrir o amor no forro de uma casa
onde apenas vibrava a memória da chuva

Depois de arrebatar o corpo da amada
ao ritmo infernal de um batuque de guerra
é bom permanecer na mesa de montagem
misturando Anfião Vivaldi Apollinaire

É bom lançar ao fogo um velho dicionário
É bom o crepitar das palavras antigas
Adivinhar quais são as que por fim renascem
e que sabem voar ao saírem das cinzas


É bom pedir perdão ao som de uma sonata
Segredar num soneto a ária do remorso
É bom recomeçar com música jazz
Vestir sem ninguém ver a túnica de Apolo"



David Mourão-Ferreira, Obra Poética.

Moments...


Moments..., originally uploaded by @rmando.

Quando uma
porta bate por uma razão
inexplicável;
quando as vozes se calam, na rua, e
ninguém está do lado de
fora;
quando te apercebes que as coisas
são mais complicadas do que
imaginas:
é possível que te inquietes, ou
que perguntes o que é a razão, ou até se
o mundo é, de facto, uma realidade
lógica. São angústias
desnecessárias: há zonas de sombra
em que não vale a pena entrar ou, se o acaso
te conduziu a elas, de onde convém sair
o mais depressa possível. O mistério
é uma terra de ninguém: e se alguém insiste
em habitá-lo, depressa se perde
dos outros. Vê-lo-emos ainda,
sonâmbulo, como se já não fosse
deste mundo; depois, mesmo que insista
entre nós, é como se fosse
transparente. Então, porque te interrogas
ainda? Vai até à porta mal fechada,
dá a volta ao trinco e empurra-a para dentro;
não te preocupes com quem fala, na rua; e
não ligues ao que é complicado:
o caminho mais simples é o que
não passa por fronteira
alguma; o que não obriga a que se olhe
para o outro lado da linha; o
que tem um princípioe um fim,
mesmo que isso também seja
complicado.

Obrigado Lenita por estas palavras de alguns anos, que ainda recordo e sempre que o efémero me parece eterno descanso os olhos sobre este poema

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

C. D. ( V I I I )

Mais um post sobre o Carpen Diem e mais concretamente sobre o meu estado de saúde.
Hoje fui à consulta ao Hospital Amadora Sintra. Uma vez mais surgiram problemas, o que seria anormal se não ocorressem.
Quando se vai a uma consulta externa, à chegada temos que confirmar a consulta. Realizado este procedimento verificou-se que o meu nome não constava da lista das consultas. Teria que falar com o médico e ver se ele me atendia ou não.
Fui realizar o RX e passei pelo serviço de internamento para ver se conseguia chegar à fala com o Dr. A enfermeira responsável referiu-me que ele iria ali passar para dar uma alta, mas quando não sabia. A administrativa do serviço foi de novo verificar no computador, mas o meu nome não constava na lista de consultas para hoje. Ainda argumentei que tinha um documento com a data que foi ali oposta pela menina que me marcou a consulta, mas nada feito. Resumindo teria que ir falar com o médico.
À chegada às consultas externas deparei-me com a funcionária que me tinha marcado a consulta. Afinal, parece que o meu nome estava lá, a outra colega "deve andar cega". Verdade seja dita não sei mesmo o que se passou com aquele sistema informático.
Para tornar as coisas mais rápidas fiquei de plantão junto do gabinete do médico, onde se iriam realizar as consultas.
Mal chegou falei com ele, apesar de me terem dito que o meu nome constava na lista. Fui de imediato atendido e vi o meu RX no PC do Dr.
Pareço o Robocop... Um ferro e dois parafusos.... A calcificação dos ossos está a correr bem e apenas terei que voltar para nova consulta em Março. Até lá fico com o gesso... :-(

Quando fui marcar a nova consulta exigi um comprovativo da mesma, é que como diz o velho ditado "gato escaldado da água fria tem medo".
Dores já não sinto quase nenhumas, mas o pé ainda fica inchado quando ando de muletas.

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Referendo

Terminado o escrutínio do referento hoje realizado em Portugal há ilações (e lições) a retirar desta votação.
Primeiramente ganhou o SIM, com uma larga vantagem sobre o NÃO (quase cerca de 20% a mais).
Na verdade o segundo lugar vai para a abstenção que, pese embora, se verificou. Com cerca de 57% logrou obter o segundo lugar do pódium. Resulta deste facto que o referendo não vai ser vinculativo, porquanto não votaram mais de metade dos eleitores recenseados.
Estava nas mãos do povo legislar, mas parece que a chuva foi mais forte e deteve aqueles, menos aventureiros, de se deslocarem a uma mesa de assembleia de voto.
É incongruente tais comportamentos, pelo que passo a explicar: muito se têm queixado sobre as funções dos deputados na Assembleia da República (AR). Que não fazem nada, apenas passeiam e legislam apenas o que lhes interessa. São comentários destes e outros, que aqui não ouso escrever, que constantemente se ouvem nas ruas. E quem os comenta??? O POVO!!! O mesmo povo que hoje foi chamado a legislar e que se acobardou, ficando em casa.
Não se admirem que daqui a uns dias a AR despenalize o aborto, afinal os deputados que ali estão estão mais que legitimados (pois foram eleitos para aquelas funções pelo povo e, como se viu o povo não quis saber deste referendo) para o fazerem.
Digam o que quiserem e pensem ou não estou a favor de que a AR irradique o crime de Aborto constante no Código Penal. E esta irradicação deve ser feita já, uma vez que se encontra em preparação a alteração deste Código.
É o momento oportuno, por isso Sr.s deputados façam o vosso trabalho e como diz um ditado popular "Os cães ladram, mas a carabana passa".

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

The end...


The end..., originally uploaded by @rmando.

Já noutra ocasião coloquei este poema no meu blog. Uma vez que gosto imenso dele e dos poemas de Miguel Torga eis de novo este poema que muito significa para mim, cujo título é "Súplica":

"Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada."

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

C. D. ( V I I )

Vai no 7.º post esta série do Carpe Diem.
Nestes tempos em casa tenho aproveitado cada minuto para viver intensamente.
Apesar do dia-a-dia lá fora ser sempre a correr, ser quase uma rotina, na qual nem se dá pela vida passar, há que fazer uma paragem e reflectir sobre como, quando e de que forma aproveitamos esta vida que temos.
Se num dado momento estamos bem, no minuto seguinte podemos estar mal. E aí pode já ser tarde.
Há que aproveitar intensamente cada minuto, dizer, sem receio, às pessoas que gostamos que gostamos delas. Fazer a paz e evitar as pequenas guerrinhas diárias, seja com os colegas de trabalho seja em casa...
Desfrutar cada momento e viver cada dia como se fosse o último.

sábado, 3 de fevereiro de 2007

Actualidades...

Já há dias que ando para escrever sobre dois temas que têm preenchido a actualidade, seja em jornais seja como tema de abertura dos noticiários da televisão.
Um deles é sobre o caso Esmeralda, a menina que foi dada pela mãe e que após 5 anos mais tarde o pai biológico decidiu reclamar (ou será que não foi bem assim?); O segundo tema é sobre o aborto e o referendo que se irá realizar no dia 11 deste mês.

Vamos por partes e por temas.
CASO ESMERALDA: Há cerca de 5 anos nasceu uma menina, filha de uma imigrante Brasileira e de um português. O pai biológico depois de informado sobre esta gravidez repudiou tal paternidade, tendo apenas se conformado com a mesma quando foi intimidado judicialmente a realizar testes de ADN. A mãe, face aos parcos recusos económicos que detinha, não teve outra opção: aos três meses de idade deu a sua filha a um casal que não podia ter filhos. Desde Dezembro do ano passado que o pai adoptivo foi preso e condenado a uma pena de prisão de seis anos por sequestro da menor, face o pai biológico ter intentado uma acção onde se discute o poder paternal da menor Esmeralda, o qual veio a ganhar.
A meu ver não estamos perante um crime de sequestro, mas quando muito de desrespeito por uma ordem judicial e por um crime de subtracção de menor. Crimes bem diferentes, tanto quanto à sua tipificação como à medida da pena que prescrevem.
Criou-se um movimento, encabeçado pelo Prof. Dr. Fernando Silva (a quem aqui dou os meus parabéns), que requereu ao Supremo Tribunal de Justiça o pedido de Habeas Corpus, mas tal pedido foi recusado.
A leitura do acórdão que deterrmina a pena de prisão para o pai adoptivo é muito incongruente, pelo menos existem lá factos, dados como provados, que os jornalistas deveriam ter lido antes de darem as notícias. A mãe adoptiva encontra-se com a menina em parte incerta e o pai biológico a cumprir pena de prisão. No fundo o único "crime" que aquele casal cometeu foi dar amor e carinho a uma menina que teria vivido noutras condições se não tivesse sido dada para adopção.
A lei tutelar educativa está mal estruturada, pois se uma criança for dada para adopção, e se o processo já estiver a decorrer, basta que um dos progenitores demonstre algum interesse pelo menor para que o processo volte "à estaca zero". E anda-se nesta vida anos e anos, infelizmente!!

ABORTO:
Vai realizar-se, pela segunda vez em oito anos, o referendo ao aborto. A pergunta, ainda que complicada (pensem nas pessoas mais analfabetas que desconhecem certos termos, como veremos na frase - "Concorda com a despenalização do aborto, se realizada por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento oficial de saúde?"). Se questionarmos as pessoas que vivem em certas aldeias e vilas certamente desconhecem a palavra "despenalizar".
Muita confusão se tem feito sobre "despenalizar" e " liberalizar". São palavras diferentes e com este referendo visa-se apenas despenalizar o aborto e nunca liberarlizar o mesmo. Actualmente o art.º 140.º do Código Penal prescreve uma pena de prisão até 3 anos para quem pratique o crime de aborto. Das ideologias mais religiosas às mais liberais há opiniões para todo os gostos. Basta ver os tempos de antena nas TV's ou ler as opiniões nos jornais.
Se no anterior referendo já tinha optado pelo "SIM" mantenho a mesma opinião. Por mais que se discuta quando começa a vida, em que momento podemos dizer que há vida, quem tem o direito de tirar a vida, etc... cabe à mulher dicidir se efectivamente tem ou não condições para criar mais um filho ou se aquele momento é o certo para ser mãe. Tanto mais que se a conduta de praticar o aborto for despenalizada a mulher apenas opta se quer ou não realizar o aborto e não tem que pensar em que condições miseráveis vai realizar tal aborto. Mesmo que não se despenalize o aborto ele vai continuar e existir e muitas mulheres continuaram a morrer ou a ter que posteriormente serem tratadas em estabelecimentos oficiais de saúde e nesta altura a serem acusadas de um crime, que a meu ver deveria deixar de existir.
Dia 11 saberemos esta decisão, sendo certo que só surtirá efeito se votarem 50% mais 1 dos eleitores inscritos.
Desde já se apela ao Voto, ainda que em branco ou nulo, pois é a forma mais democrática de expressarmos a nossa "voz".

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

C. D. ( V I )

Já passaram mais de quinze dias sobre o meu acidente e a minha perna partida.
Depois de tirar os agrafos e de me terem colocado um gesso completo, os meus dias são muito "mornos".
Passo o dia em casa... Levanto-me mais tarde que o habitual, mas também porque durante a noite fico acordado bastante tempo com algumas dores ou má posição da perna.
Depois, além das refeições, fico a ver TV (pouco), a navegar na net e a ler. Mas a maioria das vezes tenho que interromper estas actividades para descansar a perna e colocá-la mais elevada que a cabeça para não inchar.
Ainda vou andar com este gesso mais um mês e dá imenso trabalho tomar banho e querer andar para um lado e para o outro.

Agora é só dar tempo ao tempo.... Estou ansioso para começar a fisioterapia e recuperar o meu andar.... Ah!!! e claro... andar de moto!!!