“Recomeça… se puderes, sem angústia e sem pressa e os passos que deres, nesse caminho duro do futuro, dá-os em liberdade, enquanto não alcances não descanses, de nenhum fruto queiras só metade.”
Miguel Torga

sexta-feira, 28 de abril de 2006

Momentos Fotográficos XV

©James Nachtwey
Northern Ireland, 1981

quinta-feira, 27 de abril de 2006

Momentos Fotográficos XIV

Como dizia o poeta "O caminho faz-se caminhando"

quarta-feira, 26 de abril de 2006

Folhas Soltas - III

Do mar revolto que bate e rebate no areal

Na ventania fresca, carregada de películas d’água,

Na areia molhada ou leve, ainda que agarrada.

No caminhar, trémulo, incertezas de um ideal.


Fazia-me falta visitar o revolto mar

Ah! Que momentos solarengos ao fim da tarde

Naquele deserto infinito de areia que arde

Eu e o mar… Um puro uníssono grito.


A minha revolta é como a das ondas

As delas vão e voltam constantemente

Mas lá acabam por se quedar

A minha fica prisioneira na mente

E nunca se afasta para me deixar amar.

segunda-feira, 24 de abril de 2006

"As portas que Abril abriu"

As Portas Que Abril Abriu

Era uma vez um país
onde entre o mar e a guerra
vivia o mais feliz
dos povos à beira-terra

Onde entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo se debruçava
como um vime de tristeza
sobre um rio onde mirava
a sua própria pobreza

Era uma vez um país
onde o pão era contado
onde quem tinha a raíz
tinha o fruto arrecadado
onde quem tinha o dinheiro
tinha o operário algemado
onde suava o ceifeiro
que dormia com o gado
onde tossia o mineiro
em Aljustrel ajustado
onde morria primeiro
quem nascia desgraçado

Era uma vez um país
de tal maneira explorado
pelos consórcios fabris
pelo mando acumulado
pelas ideias nazis
pelo dinheiro estragado
pelo dobrar da cerviz
pelo trabalho amarrado
que até hoje já se diz
que nos tempos dos passado
se chamava esse país
Portugal suicidado


Ali nas vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
vivia um povo tão pobre
que partia para a guerra
para encher quem estava podre
de comer a sua terra

Um povo que era levado
para Angola nos porões
um povo que era tratado
como a arma dos patrões
um povo que era obrigado
a matar por suas mãos
sem saber que um bom soldado
nunca fere os seus irmãos

Ora passou-se porém
que dentro de um povo escravo
alguém que lhe queria bem
um dia plantou um cravo

Era a semente da esperança
feita de força e vontade
era ainda uma criança
mas já era a liberdade

Era já uma promessa
era a força da razão
do coração à cabeça
da cabeça ao coração

Quem o fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão




Continue a ler este poema aqui

José Carlos Ary dos Santos - "Obra poética"

Lisboa, Julho-Agosto de 1975



Assim foi há 32 anos....

Faz hoje 32 anos que os Capitães de Abril tinham tudo preparado para dar "o golpe" no Facismo e dar, de uma vez por todas, a liberdade a todos os Portugueses.

No início da manhã [24 de Abril de 1974], Álvaro Guerra comunica a Carlos Albino a escolha definitiva da Grândola como senha nacional e a hora da sua transmissão no programa «Limite»: das 0h 20m para as 0h 22m. Carlos Albino contacta outro elemento da equipa do «Limite», Manuel Tomás. Por precaução e para evitar atrasos e imprevistos na emissão da senha, fazem todas as diligências necessárias à gravação de um alinhamento de programa com cerca de 10 minutos em que a leitura da primeira estrofe da Grândola aparecia ligada à leitura de outros textos. Pedem a um dos locutores habituais do «Limite», Leite de Vasconcelos, que grave esse alinhamento de textos, mas mantêm segredo sobre o verdadeiro destino dessa gravação.

E assim hoje vivemos em Liberdade, ainda que por vezes nos queiram "amordaçar".

Certo é que na Madeira não haverá comemorações do 25 de Abril. Nas palavras do presidente do Governo Regional daquela região autónoma, o 25 de Abril é "uma porcaria".
Mais desenvolvimentos desta notícia aqui

Viva 0 25 de Abril sempre!

domingo, 23 de abril de 2006

Hoje é dia....


... do Motociclista.

Todos os anos se celebra o Dia do Motociclista, ou seja, desde há dez anos a esta parte.
Este ano o evento vai realizar-se, pela primeira vez, por terras algarvias, sendo esperados em Sagres muitos motociclistas.
Segundo a lenda, foi na península isolada da Ponta de Sagres que Dom Henrique, o Navegador, construiu no século XV uma fortaleza para enviar os seus marinheiros na missão de explorar os mares desconhecidos. Daí a sua alusão nesta cartaz. O que em tempos foi ponto de partida é agora ponto de chegada para todos os amantes de duas rodas.
Como habitualmente e independentemente da fé da cada um haverá a realização de uma missa e depois a tradicional benção das motos.
Este ano não deu para ir, quiça para o próximo ano...

..... Internacional do Livro

Por todo o Mundo se celebra o Dia Internacional do Livro. Amados por uns, por outros nem tanto, o certo é que nos livros encontramos a sabedoria do passado, o reconforto de uma história, a certeza de uma palavra amiga...
Em 23 de abril de 1616 faleceram Cervantes, Shakespeare e o Inca Garcilaso de la Vega. Também no dia 23 de abril nasceram ou morreram outros escritores famosos como Maurice Druon, K. Laxness, Vladimir Nabokov, Josep Pla e Manuel Mejía Vallejo. Por este motivo, esta data tão simbólica para a literatura universal foi a escolhida pela Conferencia Geral da UNESCO para render uma homenagem mundial ao livro e seus autores e chamar a todos, em particular os mais jovens, a descobrir o prazer da leitura e respeitar a impecável contribuição dos criadores no progresso social e cultural.
Este dia foi criado, pela Conferência Geral da UNESCO, devido à tradição que ocorre na Catalunha, região da Espanha, onde, no Dia de São Jorge, 23 de Abril é costume entregar uma rosa de presente junto de cada livro vendido.
Boas leituras...

sábado, 22 de abril de 2006

Madrigal para Depois

Quando, por fim, o mundo for só nosso
Sem reparos alheios,
E os meus versos a fiel legenda
De cada hora,
Saberás, musa, claramente,
como a vida dura
Para além da macabra certidão
Da realidade.
Pede, pois, com fervor,
À santíssima senhora
Da boa morte
Que, sem mais sofrimento,
Piedosamente,
Me receba nos braços rejelados,
E nos permita ser eternamente
Felizes e secretos namorados.

Miguel Torga

Poesias...

De amor nada mais me resta que um Outubro
e quanto mais amada mais desisto;
quanto mais tu me despes mais me cubro
e quanto mais me escondo mais me avisto.

E sei que mais te enleio e te deslumbro
porque se mais me ofusco mais existo.
Por dentro me ilumino, sol oculto,
por fora te ajoelho, corpo místico.

Não me acordes. Estou morta na quermesse
dos teus beijos. Etérea, a minha espécie
nem teus zelos amantes a demovem.

Mas quanto mais em nuvem me desfaço
mais de terra e de fogo é o abraço
com que na carne queres reter-me jovem.


Natália Correia

sexta-feira, 21 de abril de 2006

Momentos Fotográficos XIII

Forte de S. João Baptista - Ilha Terceira (Açores), hoje Regimento de Guarnição N.º 1, do Exército.

quinta-feira, 20 de abril de 2006

Ainda o Caso Joana

Já aqui demos conta do chamado "Caso Joana", a me nina que desapareceu no algarve e nunca mais houve rasto da mesma.
O referido caso vem novamente à colação em virtude do Supremo Tribunal de Justiça ter reduzido a pena de prisão atribuída aos arguidos deste processo. Assim a mãe e o tio da referida criança viram a pena reduzida para 16 anos e oito meses.
No primeiro julgamento, realizado em Novembro passado, o Tribunal de Portimão condenou aqueles arguidos a 20 anos e 4 meses e 19 anos e dois meses de prisão, respectivamente.

Agora acabaram-se os recursos e esta pena poderá não ser a efectiva, pois daqui a meia duzia de anos, com bom comportamento estão de volta à Liberdade. Certo, certo é que da Joana nem sinais de vida...

quarta-feira, 19 de abril de 2006

Dedicatória...

Adorei esta música do Paulo Gonzo, por isso aqui fica o poema para alguém muito especial.

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Sei-te de Cor

Sei de cor
cada traço
do teu rosto
do teu olhar.
Cada Sombra
da tua voz.
E cada silêncio
cada gesto que tu fazes
Meu amor sei-te de cor

Sei
Cada capricho teu
E o que não dizes
Ou preferes calar.
Deixa-me adivinhar
não digas que o louco sou eu
se for tanto melhor
Amor sei-te de cor

Sei
Por que becos te escondes.
Sei ao pormenor
o teu melhor e o pior.
Sei de ti mais do que queria
Numa palavra diria
Sei-te de cor

terça-feira, 18 de abril de 2006

Folhas Soltas - II

As nuvens choram...


As nuvens choram nesta noite quente
Acendo um cigarro, nesta noite magoada
Quantas almas estão amando docemente
E eu sozinho sem ti, nesta madrugada

A chuva traz-me as memórias do teu lar
Nessa noite, (eu já te amava em segredo)
Bebendo whisky, nos beijamos com medo
Sentido os teus lábios, ouvi o teu arfar.

A noite vai alta e o sono não vem
Pensando em ti, chorando como as nuvens
Mas elas apenas choram… Por ninguém.

O timing foi a tua explicação (e eu doente)
Pelo amor que me negaste tão friamente!
As nuvens choram nesta noite quente.

quinta-feira, 13 de abril de 2006

Folhas Soltas - I

Inicia-se aqui mais uma rúbrica que tem como objectivo publicar poemas inéditos de um autor desconhecido.
Pese embora o anonimato do poeta merecem os seus poemas ser divulgados, tanto mais que, como refere a sabedoria popular, "médico, poeta e louco todos temos um pouco".
Irão ser assim as Folhas Soltas...

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Que posso fazer para te ter?
És tão alegre e sem mágoas no peito
Será necessário as montanhas mover,
Para que possa ser o teu eleito?

Dizes adeus ou um simples olá
E se eu tivesse a coragem, ah! como gritaria,
Dizer ao mundo que o amor está cá
Dizer-te ao ouvido o mal que me agonia.

Não sou feliz, sem ti a meu lado
Sofro nesta amargura de enamorado
E tu continuas alegre e sempre a sorrir

Sabendo das mágoas da minha agonia
Choro-as, na esperança de um dia
Te ter a meu lado e não te ver partir.

quarta-feira, 12 de abril de 2006

Páscoa... Amêndoas e Coelhos

Estamos a viver a semana que antecede o Domingo de Páscoa.
Para os religiosos católicos esta semana é denominada "semana maior" ou "semana santa".
Para outros não passa de uma semana mais curta, em que há um feriado na quinta de tarde e sexta todo o dia.
Mas algo me intriga há vários anos e cuja resposta nunca ninguem me soube dar, de modo satisfatório: que têm as amêndoas a haver com os coelhos?
Aceito sugestões de resposta.
Uma boa páscoa para todos!

terça-feira, 11 de abril de 2006

Dia Internacional dos Doentes de Alzheimer

Comemora-se hoje este dia dedicado a todos os doentes com a Doença de Alzheimer.
Esta doença degenerativa do Sistema Nervoso afecta imensos Portugueses. Existe uma Associação Portuguesa dos Familiares e Amigos dos Doentes de Alzheimer (APFADA) que presta apoio a estes doentes e seus familiares.

Para compreender melhor esta doença aqui fica um excerto da Wikipédia

A doença de Alzheimer ou mal de Alzheimer é uma doença degenerativa do cérebro,caracterizada por uma perda das faculdades cognitivas superiores, manifestando-se inicialmente por alterações da memória episódica. Estes défices mnésicos agravam-se com a progressão da doença, e são posteriormente acompanhados por défices visuo-espaciais e de linguagem. O início da doença pode muitas vezes dar-se com simples alterações de personalidade, com ideação paranóide.
A base histopatológica da doença foi descrita pela primeira vez pelo neuropatologista alemão
Alois Alzheimer em 1906, que verificou a existência juntamente com placas senis (hoje identificadas como agregados de proteína beta-amilóide), de emaranhados neurofibrilares (hoje associados a mutação da proteína tau, no interior dos neurotúbulos. Estaes dois achados patológicos, num doente com severas perturbações neurocognitivas, e na ausência de evidência de compromisso ou lesão intra-vascular, permitiram a Alois, Alzheimer caracterizar este quadro clínico como distinto de outras patologias orgânicas do cérebro, vindo Emil Kraepelin a dar o nome de Alzheimer à doença por ele estudada pela primeira vez, combinando os resultados histológicos com a descrição clínica.
Caracteriza-se clinicamente pela perda progressiva da memória. O cérebro de um paciente com o Mal de Alzheimer, quando visto em
necrópsia, apresenta uma atrofia generalizada , com perda neuronal específica em certas áreas do hipocampo mas também em regiões parieto-occipitais e frontais.
A perda de memória causa a estes pacientes um grande desconforto em sua fase inicial e intermediária, já na fase adiantada não apresentam mais condições de perceber-se doentes, por falha da auto-crítica. Não se trata de uma simples falha na memória, mas sim de uma progressiva incapacidade para o trabalho e convívio social, devido a dificuldades para reconhecer pessoas próximas e objetos. Mudanças de domicílio são mal recebidas, pois tornam os sintomas mais agudos. Um paciente com mal de Alzheimer pergunta a mesma coisa centenas de vezes, mostrando sua incapacidade de fixar algo novo. Palavras são esquecidas, frases são truncadas, muitas permanecendo sem finalização.


Continue a ler este artigo aqui

segunda-feira, 10 de abril de 2006

Diga lá.... Excelência


Quem não ouviu o programa da 2: em que a entrevistada foi Maria José Morgado?
Foi uma entrevista em que esta Procuradora-Adjunta tocou vários pontos sensíveis quer da PJ, quer do Ministério Público, sem deixar de lado a corrupção que se vive neste país.
Além disso referiu que por norma quem fala quer assumir outros cargos, mas ela apenas fala porque gosta daquilo que faz.

Depois de ter estado na direcção de combate ao crime económico da PJ, durante 20 meses, abandonando em Agosto de 2003, a procuradora afirma que os seus responsáveis sobrevivem, em média, "20 meses" e "isto quer dizer alguma coisa, não é?", questionou a mesma.
Ouvir ou ler a entrevista, na integra, aqui

quinta-feira, 6 de abril de 2006

Barcelona vs Benfica

Quem não viu o jogo de ontem?
Poderíamos ter feito história, mas a estória foi escrita pelo arbitro e pelo seu péssimo desempenho nos 90 minutos.
Palavras para quê, se no fim o que conta é o resultado.
Mas estivemos à altura, nomeadamente quando Moreto defendeu aquele penalty do Ronaldinho.
Por isso VIVA AO BENFICA!

segunda-feira, 3 de abril de 2006

Momentos Fotográficos XI

Cabo Espichel - Sesimbra. O silêncio é de ouro...

A OPA do Costa sobre o Costa

A incerteza que se vive na PJ desde há uns dias parece culminar esta segunda-feira com a demissão da actual Direcção daquela polícia superior de investigação criminal.
Os factos agudizaram-se quando o Ministro da Administração Interna (António Costa) lançou uma OPA sobre a PJ, esvaziando-a de conteúdo, uma vez que quer levar para o seu Ministério a Interpol e a Europol.
É assim dizer uma OPA sobre o seu congénere Ministro da Justiça, António Costa.
Quem ganha e quem perde ao fim e ao cabo?
Segundo avança a TSF ( a ler aqui) está-se a preparar a reformulação da Direcção, que como é público, ameaçou dimitir-se na passada Sexta-feira.
Mas o problema maior e quem sai a perder são os cidadãos que não vêem as suas queixas seguir a tramitação normal, muito por culpa da desorçamentação que foi alvo a PJ.
Mas tal problema cedo foi levantado pela Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal (ASFIC) quando em Janeiro denunciou que o orçamento apenas daria para manter a PJ até Junho.
Face a todos os elementos denunciados e para além da falta de verbas a PJ já levou a cabo uma série de greves sectoriais. Nada ficou resolvido e agora avançam para uma greve geral a 17 de Abril.
Irá esta OPA concretizar-se, isto é, levará António Costa avante a sua ideia e conseguirá retirar a EUROPOL e a INTERPOL da PJ?
Aguardamos o desenvolvimento da reunião que terá lugar hoje á tarde entre o Ministro Alberto Costa e o Director Nacional da PJ, Santos Cabral.