“Recomeça… se puderes, sem angústia e sem pressa e os passos que deres, nesse caminho duro do futuro, dá-os em liberdade, enquanto não alcances não descanses, de nenhum fruto queiras só metade.”
Miguel Torga

quarta-feira, 26 de julho de 2006

Mc Donalds

Raramente entro num restaurante "de comida de plástico", talvez hoje tenha sido uma excepção, aliás já nem me lembrava da ultima entrada naquele tipo de restauração.
Por razões profissionais vim até Oeiras e eis que me apeteceu comer qualquer coisa à beira-mar, de forma rápida e leve.
Mas a enchente era imensa...
Desta feita e porque estava na Praia de Santo Amaro a escolha recaíu no Mc. Mais uma vez havia imensa gente... Mas o atendimento até que não foi demorado.
Na espera, para ser atendido fui apreciando o que me rodeava e analizar as pessoas que costumam frequentar (ou que acidentalmente ali estavam como eu) aquele tipo de restaurante.
Havia de tudo e para todos os gostos. Ainda assim, quem mais me centrou as atenções foi um grupo de 6 pessoas muito bem vestidas (não que as outras estivessem mal vestidas, mas andavam em trajes próprios de quem está de férias ou pelo menos na praia) e que falavam em alto e bom som, com algumas gargalhadas à mistura.
As três raparigas (acompanhadas por três colegas de trabalho) eram esculturas perfeitas e bem definidas. Além do bom gosto pela roupa, tinham outros atributos que aqui me eximo de comentar.
Dei por mim a pensar, naquela altura, como a roupa é essencial para chamar a atenção de uma pessoa (e o figurino também, obviamente) e como um riso simples numa cara a pode ainda tornar mais bonita.
Lá traguei um Mc chicken e substitui a dita Cola por um horrivel sumo de laranja.
Foi a minha primeira ida ao Mc este ano. Para o ano certamente haverá mais...

domingo, 23 de julho de 2006

Vinte e cinco anos...

Está a decorrer neste fim de semana a Concentração Motard de Faro.
Todos os anos a concentração reune amantes de duas rodas e o espectáculo é digno de se ver.
Não sou muito amante deste tipo de encontros, por mais que tudo corra bem, não se desfruta da companhia como deve ser, devido ao excesso de pessoal.
Contudo este ano vou tentar ir a Góis. Sempre é uma concentração mais calma e mais bonita, com o rio ali por perto
Parabéns à organização deste ano de Faro.

quinta-feira, 20 de julho de 2006

O injustificável justificável.

Perdendo-me
Mutilando-me...
Abandonando-me...

Encontrando-me...
Socorrendo-me...
Achando-me...


Querendo-te e largando-te
Injustificadamente justifico-me:

- Quero a minha liberdade,
A qual necessito como se fosse ar.
Por isso:
- Não me faças perder,
Mutilar ou até mesmo abandonar...

Mas ao mesmo tempo quero-te amar.

sábado, 15 de julho de 2006

Serviço H24

Chateia-me o facto de ter que fazer serviço de 24 horas.
De vez em vez lá cai a nódoa no melhor pano e eis-me entre 4 paredes, telefones por todo o lado e alguns computadores.
Depois são as chamadas telefónicas a cair em catadupla. Pessoas que consideram a sua desgraça maior que a dos outros - os nossos males doem-nos sempre mais que as dores que afligem os outros, ainda que venhamos a reconhecer que as maleitas dos outros são efectivamente maiores.
Mas encontra-se de tudo. Por vezes e principalmente através dos telefonemas (onde há um certo anonimato) dizem-se barbaridades que nos fazem vir as lágrimas aos olhos de tanto rir.
Recordo aqui algumas, para verem como há pessoas, que pela sua doença de foro mental ou por solidão encontram nestes serviços permanentes a muleta o apoio que procuram e não encontram em mais lado nenhum.

Eis algumas das melhores que por aqui se vão apanhando:

  • a aldeia de Vila-flor, no Alentejo, perto de Cuba desapareceu no mapa, já percorri tudo e ela não está lá, por acaso os senhores já a encontraram?;
  • alguém anda a roubar os pulmões, o fígado e os intestinos dos meus filhos, quero que os senhores apanhem esses malandros que andam a fazer mal aos meus filhos;
  • venham depressa cá a casa que os fantasmas do andar de cima já estão a descer pelas paredes e daqui a nada sufocam-me, violam-me, como fazem todas as noites, venham depressa por favor, é um caso de vida ou morte.

E outros e mais outros casos, mais melindrosos e obscuros que não vale a pena expôr aqui, pois iriam achar que estive a ver um filme de ficção antes de iniciar estas letras.

A pura verdade é que estes serviços dão cabo de mim, esgotam a minha paciência, para além de estar aqui fechado 24 horas. Só quem passa por aqui 24 Horas sabe realmente daquilo que estou a falar.

Ainda faltam quase 8 horas, o pior tempo a passar, mas depois vou de fim de semana para relaxar e esquecer estas malditas horas de sofrimento.

segunda-feira, 10 de julho de 2006

Músicas que nos marcam...

Já tinha trazido à colação, neste blog, que há músicas que quer pela sua poesia ou pela forma como são interpretadas nos deixam recordações cada vez que as ouvimos, sendo certo que essas memórias (sempre boas, por sinal) fazem-se acompanhar da lembrança de quem partilhou esse momento peculiar connosco.

Desta vez a letra que aqui partilho é de uma das últimas músicas de Rui Veloso, intitulada "Não queiras saber de mim":


Não queiras saber de mim
Esta noite não estou cá
Quando a tristeza bate
Pior do que eu não há
Fico fora de combate
Como se chegasse ao fim
Fico abaixo do tapete
Afundado no serrim

Não queiras saber de mim
Porque eu estou que não me entendo
Dança tu que eu fico assim
Hoje não me recomendo

Mas tu pões esse vestido
E voas até ao topo
E fumas do meu cigarro
E bebes do meu copo
Mas nem isso faz sentido
Só agrava o meu estado
Quanto mais brilha a tua luz
Mais eu fico apagado

Amanhã eu sei já passa
Mas agora estou assim
Hoje perdi toda a graça
Não queiras saber de mim

Dança tu que eu fico assim
Porque eu estou que não me entendo
Não queiras saber de mim
Hoje não me recomendo


In Rui Veloso

domingo, 9 de julho de 2006

Ausências...

Tenho andado ausente...
Se por um lado a vertente profissional me tem deixado menos tempo, por outro a vertente opcional (leia-se escolar) têm-me ocupado os dias.
Junho foi um mês infernal, em todas as semanas um exame, com excepção da ultima semana em que foram dois. Mas valeu o esforço, aliás "tudo vale a pena se a alma não é pequena" - como dizia o poeta!
A etapa foi dada como salva, recupera-se agora todo o tempo perdido, seja nestas pequenas letras, seja com os amigos e amigas que ja se questionavam por onde me tinha metido.
O grupo das motos anda animado, test-drives e novas experiências, para além da paragem quase obrigatória todas as terças e quintas no verdinho e no francês, respectivamente.
Surgiu um novo grupo... Não de motos!!! Mas de fotografia... Mais velhos, têm muito que ensinar, mas são uns porreiros... (por vezes sinto que não viveram a sua juventude e estão agora a desforrar-se de tempos perdidos) Sempre bem dispostos!!! Ah! Como é bom ver gente bem-disposta!
Mas as minhas ausências a este blog também se devem em parte à descoberta de uma página na net onde se podem colocar fotografias e comentar outras... Aliás foi daí que surgiu o novo grupo de fotografias.
Como a vida foi, é e será diferente com a Internet!
A ausência... Já não é o que era!

sábado, 1 de julho de 2006

Poema da Vida!

MEMÓRIA

Ora isto, Senhores, deu-se em Trás-os-Montes,
Em terras de Borba, com torres e pontes.

Português antigo, do tempo da guerra,
Levou-o o Destino pr'a longe da terra.

Passaram os anos, a Borba, voltou,
Que linda menina que, um dia encontrou!

Que lindas fidalgas e que olhos castanhos!
E, um dia, na Igreja correram os banhos.

Mais tarde, debaixo dum signo mofino,
Pela lua-nova, nasceu um menino.

Oh! mães dos Poetas! sorrindo em seu quarto,
Que são virgens antes e depois do parto!

Num berço de prata, dormia deitado,
Três moiras vieram dizer-lhe o seu fado

(E abria o menino seus olhos tão doces):
"Serás um Príncipe! mas antes... não fosses."

Sucede, no entanto, que o Outono veio
E, um dia, ela resolve ir dar um passeio.

Calçou as sandálias, toucou-se de flores,
Vestiu-se de Nossa Senhora das Dores:

"Vou ali adiante, à Cova, em berlinda,
António, e já volto..." E não voltou ainda!

Vai o esposo, vendo que ela não voltava,
Vai lá ter com ela, por lá se quedava.

Oh homem egrégio! de estirpe divina,
De alma de bronze e coração de menina!

Em vão corri mundos, não vos encontrei
Por vales que fora, por eles voltei.

E assim se criou um anjo, o Diabo, o lua:
Ai corre o seu fado! a culpa não é sua!

Sempre é agradável ter um filho Virgílio,
Ouvi estas carmes que compus no exílio,

Ouvi-os vós todos, meus bons Portugueses!
Pelo cair das folhas, o melhor dos meses,

Mas, tende cautela, não vos faça mal...
Que é o livro mais triste que há em Portugal!

António Nobre