O insólito aconteceu nos arredores de Lisboa, no concelho de Sintra.
Quase 9 anos depois de ter sido vista pela última vez Augusta é encontrada morta na cozinha da sua casa. 9 anos!!!
Augusta é descoberta passado este tempo por ter sido movida uma acção executiva por falta de pagamento da contribuição autárquica.
A vizinha bateu a todas as portas, mas tal como a porta da vizinha se encontrava fechada, também aquelas a que bateu não se abriram. E foram várias as entidades, desde a GNR e PSP ao Ministério Público da comarca de Sintra.
Importa reflectir, parafraseando Benjamim Franklin, "Há duas coisas que temos certas na vida: morrer e pagar impostos", que foi por uma dívida de impostos que Augusta foi descoberta.
A solidão tornou-se, nesta sociedade de consumo e do rápido prazer, a inimiga das pessoas. Quantos e quantos velhotes não passam anos e anos sem ninguém ao seu lado? São rejeitados e abandonados pois não passam de mais um estorvo na vida das pessoas mais jovens.
Mas o Estado deveria ter aqui um papel mais social e interventivo. Mas foi o próprio Estado que cerrou todas as possibilidades de apurar o que se passava no interior daquele 4.º andar.
Não deveria existir mais humanidade do que seguir escrupulosamente a letra da Lei? Não deveriam, quem de direito, pensar que sendo uma pessoa de avançada idade poderia ter ocorrido algo de anormal?
E se a Augusta teve apenas uma queda, com consequente fractura, e não conseguiu pedir socorro? Teria tido uma morte lenta e dolorosa sozinha, num recanto da sua cozinha, onde nem o cão lhe valeu?
Muitas mais perguntas haveria certamente para fazer. Agora é tarde! Resta-nos aproveitar, desta má lição, o ensinamento de que uma vida é sempre uma vida. Que devemos colocar a VIDA acima de qualquer outro bem jurídico protegido, pois sem a VIDA os demais bens jurídicos de nada valem.
Devemos parar para pensar nos milhares de velhotes que vivem sozinhos, sem apoio familiar, do Estado ou de outras ONG's.
Augusta jaz morta há 9 anos! Se fosse viva faria hoje (12/02/2011) 96 anos.
1 comentário:
E ainda mais insólito é, não podiam arrombar a porta para saber se a senhora estava bem ou não, mas puderam arrombar a porta para vender a casa! Efim, acho que não há mais nada para dizer...
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